terça-feira, 15 de julho de 2008


OS QUATRO POEMAS DE COPACABANA


1. Sobre o Autor

Até os pepinos de mar
Rejeitaram meu cadáver.
Mas entendam que o ser humano é
Podre e independe da morte, mesmo assim .

As estrelas deviam ser grandiosas.
Os homens deviam querer morrer.
As mulheres deviam só chorar e
O outono devia aparecer sempre por aqui.

Não sou feliz escrevendo poemas.
Dificilmente serei feliz, seriamente
Penso em me abandonar para sempre.
Entregar meus braços para os braços

Dos braços e esperar abraços mesmo
Sabendo que não os ganharei. Os bons
Já desistiram, mas hoje sonhei com Alana.
Ás vezes sonho com Alice, que é tão bonita.


2. Copacabana

Meus sonhos morreram em Copacabana.
Perto do mar que acalma com a tardinha.
Perto dos mulatos que olham entediados
Através da velha e enferrujada sacadinha.

Não me importo com esses velhos malucos
Nem com a tão doce e estimada Alice.
Não me importar é o mesmo que sonhar.
Copacabana me deixou melancólico.


3. Troca de Olhares

Um dos velhos mulatos se levanta e me lança
O pandeiro empoeirado: Meus olhos.
Encaro, ainda melancólico, os seios do oceano
E vejo ali dentro, uma cabeça quase humana.

Finjo que gosto do medo, finjo que gosto de
Observar aquilo. Toda presunção dentro do
Poema. E o farol continua aceso mas não vejo
Mais o velho marinheiro. Uma mulher sem roupas

Acena pra mim. Acho que tenta me alegrar imbecilmente
Piscando as luzes do farol. Copacabana me deixa
Melancólico e com vontade de morrer. Acabei
Encostando em um coqueiro e dormi por ali mesmo.


4. Conclusão

Acabei morrendo lá em baixo, embaixo
Daquele coqueiro. Em Copacabana não tive
Nada além das memórias. E as tenho,
Todas, com detalhes agora que estou morto.


(Ricardo Chagas)

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