quarta-feira, 30 de março de 2011



Carta para a Garota Branca

quero-te deitada em sua maestria errada numa cama de motel barato
apenas para me mostrar delicado e beijar teus lábios sem simetria

chamar-te de peixe branco sagrado em ondas sexuais impossíveis
na beirada do teu ouvido bonito e pesado de observadora de tendências

se um dia eu insistir em voltar para casa, trate de queimar essa cartinha indecente
pois morro de medo de nunca chegar a ter uma conversa séria contigo.



(Ricardo Chagas)

domingo, 27 de março de 2011



Peixe Branco

quase uma nadadora unilateral
Ela veio como se fosse da água mesmo
arpões, barbatanas etc
mas não era daquelas sereias padronizadas dos filmes de fantasia
apesar do corpo esquelético e sensual
havia uma aura meio baleia, meio marinheiro
no fim, me levou pro fundo sem perguntar meu nome
(não que eu tenha me importado, claro...)
e mesmo no fundo, até hoje não consegui terminar a vida real
(e não há como não se importar com a parte prática da fantasia)


(Ricardo Chagas)

quinta-feira, 10 de março de 2011



Desbeatriz Anti-Lilás Pseudo-lixeira

O piano desatravessa Beatriz
Lhe mostra
A quebra
e depois a desilusão das maiúsculas
e a tristeza da falta de pontuacao

claro, ela já havia visto tudo isso
Quando criança atravessara o mundo
mas o piano insistiu até que fizesse sentido
e Beatriz continuou imbecil como sempre foi
apesar das insistências louváveis
ficou com medo de acordar e trepou
depois achou quem não devia bonito e deixou de ser tão bela.


(Ricardo Chagas)

quarta-feira, 9 de março de 2011


A Marcha Triste dos Carnavais Passados

Beatriz
Talvez a única Beatriz que tenha realmente me visto.
um abraço terno
um beijo despedaçado
um olhar encarado, perdido.

(Ricardo Chagas)

terça-feira, 8 de março de 2011



1990 - 2011

A morte desfaz até os feixes do sol
Destrói as janelas vermelhas dos bordéis
Se tiveres alguma sorte, destrói o seu quarto também.
O momento escapa.


(Ricardo Chagas)

sábado, 5 de março de 2011


As Paisagens Colocadas

as corvos e as corações
detestava as carroças infantis
mas masturbava pensando nela.

e se um dia a terra parir
virá uma filha loirinha loirinha
chamada serra atrás de serra.

(Ricardo Chagas)