quinta-feira, 3 de julho de 2008


Enquanto Contemplo o Sol Humano


1.
Beatriz, seus ombros pequenos o loiro da
Vida o sorriso moreno que querias ter és
Branca alva mas não importa, sabe,
As cores todas combinam com você.

Já eu, querida Alice, não sou
Como você, colorida serena e viva.
Sou a máscara mais nua dessas tantas
Noites cinzas. (...) ninguém.


2.
Já vistes uma ponte sem caminho
Um desenho sem vitral, um brilho sem estrela?
Já vistes, Alice, um sorriso sem lábios
Ou um rabo vinho, sem sereia?

Queres o que? Os olhares sem
Amar ou o amor sem os olhares?
Um dia sem azul ou a noite no motel?
Inverta as ordens e tanto faz. (...) contraste.


3.
Caminha p´las calçadas. Sentirei falta
Dessa juventude serena e triste que
Tenho. Falta do perfume de Alice segunda. Falta
De Alice primeira e Beatriz sob a sacadinha.

Sentirei falta das bebidas, das escolas e
Das tardinhas voluptuosas, sem volúpias.
Sentirei falta do meu rosto jovial
E lamentarei as coisas novas. (...) as rugas.

4.
Sabes Beatriz? Te amo tanto mas
Tanto... Meu coração dói
Quando vejo-te passear sozinha na
Praia rubra, enquanto o cabelo penteia.

Sabes Alice? Não sabes, nem saberá.
Eu sou um corvo e tu um lindo sabiá.
Vago bêbedo por ruas ermas a bailar
Enquanto tu festejas a vida num lindo vestido
Lilás.


(Ricardo Chagas)

2 comentários:

Unknown disse...

Cara, esse poema é duca!
Mas a primeira parte, sobretudo, é magistral! ;)

Crepúsculo dos sonhos disse...

Palavras sutis, que muito me agradam...