O Poema Mais Bonito que Pude Escrever (Ou “A Verdadeira Saudade Tardia”)
Quem é o homem que te abraça
Nessa tarde tão maravilhosa?
Sei que é um amigo. Se fosse
Algum outro, não recortaria
Eu saberia que mostraria seu
Sorriso que é tão amarelo de sol
E de felicidades dispersas pelo tempo.
Mostraria também o sorriso
Desse namorado, que seria vazio
E oco demais para brilhar muito.
Enfim, outro garoto que se apaixonou
Eu, o garoto melancólico que poucas
Vezes conversara, te admirava longe
Com poucas esperanças e sinceras
Sem roteiro onde virarias a estrela brilhante
Mesmo não sabendo atuar droga nenhuma.
Nossos olhares têm sido muitas vezes assim.
Enquanto aprendes a ser sozinha, como
Escreves indiretamente para mim nas
Cartas da índia, eu aprendo a me recordar,
Esquecendo assim todas as noites do porque.
Sempre durmo depois que devia, me perguntando
Quando farei um poema bonito o bastante
Para você gostar ou quem é esse homem que
Te abraça numa tardinha quente. Amigo, amante?
Queria chamar-me como você e usar um chapéu.
Queria conversar contigo mais vezes naquele lugar.
Enfim, queria querer, verbo tão feio para se usar
Em poemas como esse. Mas tens um nome de flor,
Mesmo eu nem sabendo o seu significado. Não
Consigo terminar o poema. Acabo de encontrar
No fundo daquela caixinha, aquela foto platônica
Do cabelo mais curto. Hoje de manhã ignorou
Meu olhar. Porque? Porque olhastes pro outro
Lado? Enfim, eu me importo. Sei que não sabes quem sou.
Apenas converse comigo e voaremos juntos novamente.
(E as tardes melancólicas de outubro não passarão tão rápidas) .
(Ricardo Chagas)
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apenas converse comigo e voaremos juntos novamente
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