sexta-feira, 6 de junho de 2008


Nas Patas do Elefante

Perdi todas minhas luzes
E espadas. Restou-me, por ora
Por sorte, metade duma aurora
Distante. E um gosto de morte.

Vi-as nascendo e dormindo.
Tentei acolhê-las e não consegui.
Era tarde da tarde... Queimava o
Cigarro. O céu brilhava púrpura.

Vi-as acordando e gemendo. Tentei
Respondê-las. Por ora, por tarde. Ontem
Tentei tatear o fogo com os pés. Senti-lo
Como se fosse um filho perdido.

Fiz alguns versos e logo fiquei orgulhoso.
Quebrei os ossos das mãos com um martelo.
Queimei satisfeito meus objetos de ouro e
Meu órgão humano nunca mais foi o mesmo.


(Ricardo Chagas)


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