Plastic Palace Bia
Reviso meus textos e não encontro nada que preste.
Guarda roupa, um túmulo de alices esquecidas no além-alma.
Como cansa rabiscar “Alice” em todos os meus poemas.
Suspiro a vida que sempre será a mesma. As mudanças drásticas não existem ou
Prejudicam a saúde.
Coloco meu chapéu de caça vermelho e saio a procura de vida na cidade pacata. Um vaga-lume vermelho me mostra o caminho, mas eu encontro um morro, uma avenida e alguns amigos.
Passam os carros importados que acabaram de sair do sexto casamento da minha prima. Ela deve ter uns cento e dez anos, parece jovem e é eterna.
O motorista da avó não avó está usando pela primeira vez o perfume noite que ganhou no natal da sobrinha que pensava estar grávida e não estava. É um homem negro e triste que sorri.
Eu e meus amigos subimos o lado esquerdo do morro, a avenida cruza; o morro direito é escuro e sem vida.
Em cima do morro esquerdo descansa um templo protestante futurista: fontes ao redor e em cima da instituição branca chamam meu nome mais feminino:
- Biaaaaaaaaa (o céu anoitecido come meu coraçãozinho sensível)
Dentro do templo, a água escorre no chão e casais de negros conversam sobre a infância enquanto um homem com cabeça de piano chora melodias no palquinho.
Um balão enorme azul dourado com uma criança, uma moça de cabelos curtos e um cachorro de rua voam perto da lua pálida.
As pessoas dormindo chamam. Mas ninguém acorda.