quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fragilidade e Atuação

 

            Apresento-lhes Clarissa: A loura triunfal é o trunfo da falta de senso, a leve folha de outono no chiqueiro, o treze de copas dos “porquinhos querem lutar”. Clarissa é o presente (ora passado), aquilo que quer conversar com agente e não temos condições sociais de responder. Entendam Clarissa como uma televisão que muda do sem cor ao colorido e quando colorido, as flechas que atravessam as frestas de uma parede a outra, até alcançar, de boca em boca, a ilusão.

            Clarissa aparece em todas as festas. Em todas. È um trilho de vai-e-vem nos lábios daqueles que querem ser. Até que ponto evitaremos as festas? Se Clarissa está ali, a outra Clarissa, nunca. A outra Clarissa é a voz do passado, o vai-e-vem do coração, um incoerente de coerência e nada de chiqueiro, mas a toca perdida de um coelho atrasado.

            Sei que um troço desses mata, mas, mesmo com tanta diferença do teu rosto aos outros rostos, a única coisa que conseguirá nas festas é a admiração dos tolos e dos junkies bonitos. Quem sabe um dia eu vá dançar ou tocar em uma festa; mas se o fizer, procurarei uma outra Clarissa, uma outra garota loura, pequenina, porque a alma é tão pequena e frágil como um lápis rabiscando um poema fraco no papel.


(Ricardo Chagas)

4 comentários:

ana f. disse...

a alma é frágil e se desmancha em cacos.. fernando pessoa que o diga..

Unknown disse...

o que ser clarissa?

Fábio Dantas disse...

Belíssimo, caro poeta!

Se soubesse como a segunad estrofe e o início da terceira me soam familiares agora.

Mais uma parada obrigatória. Par ver os escritos teus!

Anônimo disse...

nínguem nunca é único, e talvez seja esse o incoerente de coerência que não vemos nunca que queremos acreditar que ele não existe.