Vida
Estou de volta em meu
Único rumo.
Quando retorno do trabalho
Uma garota branca me espera.
Mãos-dadas, chá da tarde...
Dia-a-dia, sempre-sempre.
Sinto, finalmente, as costuras
Da droga da bola de baseball.
(Ricardo Chagas)
Oceanos
1. Oceano Autobiográfico (A Não-Vastidão)
Fixa dentro de mim
Teu nome, a ânsia, “Eduarda”...
Presente imóvel
Dos dias que ainda não vivi
E já se passaram.
Cortei o cabelo
Tirei o esmalte
E a maquiagem.
Acho que virei homem.
Perdi meus amigos
As minhas musas
Para fora de mim.
Às vezes fora uma espuma
Ou a falta dos autobiográficos.
O mar por sua vez canta
Para Eduarda. As noites
Outrora, perdições nada empolgantes,
Sereias sem voz. Um traço, uma vírgula...
E dentro de mim Ágata traçando
Nossas reticências infinitas.
2. Bravura dos ecos de Eduarda
Sonharia! Fecho as mãos
E caio do penhasco.
Nome).
Mesmo quando as pessoas vão embora
Eduarda não chora, nunca, nunca...!
3.Teu Amor
Se em uma noite qualquer
Eduarda e Ágata viessem
A se conhecer
Os beijos seriam muitos
Os olhos seriam gastos
E o sal que os machucam
Cortaria somente os lábios.
(Ricardo Chagas)
A Vida, esta Colher
“I have measured out my life with coffee spoons;”
– T.S.Eliot
Todos tentam poesias sobre a vida
(Ou senão, tentam enxerga-la como uma poesia).
Até agora não me tenho lembrado de
Nada que eu tenha lido que parecesse
Um pouco mais que um breve e curto suspiro.
(A praça parada é pior do que parece).
Claro, a vida é monótona e tudo o mais
E não devia ser descrita em versos.
Às vezes, somos parte duma prosa mal-escrita,
Outras vezes, dum roteiro daqueles filmes que ninguém gosta.
(A Poesia são só os sonhos que não se realizam nunca!
E esta é a única parte deste poema que presta...)
Peço a todos vocês, sejam poetas ou não:
Não encarem a vida com tanta poesia nem
Façam poesias muito belas sobre a vida. Já não basta
A prosa ruim e o roteiro horrível. Para que, me digam,
Idolatrar (afinal, a poesia é para isso),
Uma coisa que no final das contas, te deixará abandonado
(E pior de tudo, aposentado) num banco de pedra da praça?
Vejam bem, nem melancólico é! Eu não consigo sequer
Fazer rimas. A vida, essa real a qual vivemos, é uma prosa que acaba
Com pombos achando que nossos pés são migalhas de pãozinho.